sábado, 23 de abril de 2011

GOTHE CROMO GOL





















MARCELO VINHAS

" Primeiramente gostaria de agradecer ao Gothe pelo convite. Muito do que sou, devo a esse esporte, por isso o texto em formato semi-autobiográfico. Fica um agradecimento especial aos corajosos que conseguirem ler o texto até o final.

O ano era 2009...

... e estava eu vestindo a camiseta da FGFM no salão do Círculo Militar de Porto Alegre. Jogar naquele salão é o que há de mais glamouroso no futmesa gaúcho. Era inverno. Por baixo uma camiseta manga longa do Brasil de Pelotas, meu time do coração. Colocava eu meus botões na mesa para jogar a final no Centro-Sul Brasileiro da modalidade liso. Depois de eliminar Emanuel (ES) e Piruka (RS), a final seria contra meu amigo capixaba Marco Moscoso.

Só a vitória interessava. Uma vitória que poderia me dar o título de tricampeão, em três participações. Foi então que meu adversário se aproximou de mim e disse: “Você sabe a consideração que tenho por você e por Osmar. Pra mim esse jogo será como um amistoso e não precisaria nem de juiz”.

Alguém sabe por que um boxeador leva uns tapas na cara antes de subir no ringue? Para entrar no clima do combate desde o primeiro segundo de luta. O meu tapa chegou aos 10 minutos de jogo. Golaço de Moscoso e comemoração estrondosa no salão. Foi então que percebi que aquilo não era um amistoso.

No início do segundo tempo, Lela (quase sempre ele), em jogada de saída de bola na ponta direita empata o jogo. Mas ainda faltava um golzinho. Do outro lado Moscoso cavava tudo! Faltando pouco mais de 5 minutos, consigo encaixar uma boa jogada e Moscoso se prepara para novamente cavar. Desta vez o lance era mais difícil. Se ele errasse, eu ganharia um “dois toques”. Mas algo melhor me esperava: gol contra!

Recebi muita força da gauchada durante a final, com destaque para alguns que estiveram o tempo todo ao lado da mesa, como Maciel, Augusto e Guido. Veio o título que em determinados momentos parecia impossível. Mal sabia eu que muitas emoções ainda estariam por vir.

O ano era 1990...

...e num fim de tarde de domingo estava eu na casa de meus avós, quando meu dindo chega fardado de APFM com um grande troféu no formato do Rio Grande do Sul na mão. Não lembro de tudo o que ele dizia para meu avô enquanto mostrava o troféu, mas umas palavras ficaram gravadas: “O cara ainda não tinha perdido pra ninguém, e eu ganhei dele de 3x0”. Anos depois entendi que se tratava da final da Taça RS de 1990, contra o jaguarense Álvaro Pitchon. Achei aquilo fantástico!

Outro dia o dindo me pega em casa numa manhã de domingo e me leva para ver uma gurizada jogando botão. Mais tarde fui saber que eu estava na sede da APFM. “Bem Michel!” disse meu dindo após ver um gol de Michel Pierobom, que parecia ser “o melhor” dos que ali jogavam. De repente aparece alguém do meu tamanho. Que idade tu tens, Tiago? – perguntou meu dindo. Sete – respondeu um dos fihos de Pierobom. Era a minha idade.

Aquilo não passou de uma visita. Segui mais alguns anos jogando puxador na volta de casa, no bairro Jardim, de onde também saíram outros botonistas como Bruno Vieira e Augusto Nedel, meus amigos desde a infância. Anos mais tarde, ganhei num Natal um time verde, oficial. Falei para o dindo que faria um Coritiba. Tempos depois ele me aparece com um Coritiba de números e nomes inseridos com decadry. Era a escalação campeã nacional de 1985, com a qual ainda jogo.

Também ganhei de presente uma tal de régua. “Vai treinando com isso aqui”. Hoje entendo o porquê de não saber segurar uma ficha. Foi um presentão.

O ano era 1993...

... então com 10 anos estava eu “pegando” uma mesa que havia sobrado em uma rodada de sábado da APFM. Depois de muitos anos (talvez desde os 4) jogando com puxadores, era a vez dos oficiais do Coritiba entrarem em campo.

Um guri um pouco mais novo, de óculos, voz fina e uma camisa parecida com a da Ponte Preta se aproxima para ver meu time. Pergunto seu nome e ele responde: Mateus. Jogamos um amistoso (que ganhei por 1x0, hehe) e desde então ficamos amigos.

Em 1994 entrei para os Juvenis da APFM, ficando em 3º lugar. Em 1995, ainda nos juvenis da APFM, joguei meu primeiro Estadual da categoria. Caí na primeira fase, sofrendo algumas goleadas. Meu primeiro jogo foi contra Vinícius Auch (COP), de quem perdi por 4x0. Mais tarde, perguntei para alguém, quem tinha sido o campeão. Foi um tal de Alex, de Rio Grande – responderam.

Em 1995 meu jogo melhorou bastante quando passei dos Juvenis para a “1ª divisão” da APFM, como era chamada a divisão de acesso à Especial. Apesar disso, segundo as avaliações do Osmar, minha defesa ainda era fraca. Eu realmente sofria muitos gols, mas me sentia desconfortável jogando “fechado”. Começava ali a minha busca por um jogo agressivo e de defesa forte.

Santana do Livramento mudou a minha vida

Foi para lá minha primeira viagem pelo futmesa (1996), que seria para assistir a um Estadual Especial. Da delegação da APFM faziam parte Osmar, Alexandre, Zilber, Aldyr, Luis Fernando e Gustavo. Todos no mesmo hotel, muita bagunça longe das mesas! Um lado do futmesa que eu ainda não conhecia, e me apaixonei.

Antes do início do campeonato, ouvi alguém falar que o atual campeão era um tal de Cristian. De repente ouço o Alexandre gritar em direção à mesa organizadora: “Marcelo! Marcelo!” Eu não sabia de quem estavam falando. Me assustei quando fiquei sabendo que aquilo se tratava da minha inscrição do campeonato.

“Não quero jogar”. Mas não adiantou, fui convencido por Osmar e Luis Fernando. Então com 13 anos, meu jogo de estréia seria contra um tal de Betão. Logo no início sofri um gol de corte monstruoso e um berro na cara, ou forte comemoração. Caí na primeira fase e a partir dali pude observar jogos interessantes.

Robson Bauer virou meu ídolo no esporte depois que o vi chutar no travessão uma bola que 95% dos botonistas nem pediria à gol. No entanto, em seguida, vi Robson perder para o tal campeão Cristian. “Pô, o cara é bom mesmo”. No mesmo campeonato, Osmar jogou com o Cristian duas vezes e conseguiu dois empates. “Pô, o dindo não perdeu nenhuma vez pro cara que ganhou do Robson!”. Resultado final: Cristian foi o primeiro bicampeão gaúcho. Aldyr e Osmar ficaram respectivamente com 3º e 4º lugares.

1997 e meu primeiro “Mapinha”

Vinhas, Bruno, Augusto e Zé Victor. Eram esses os representantes da APFM em Bagé, no Estadual de Juvenis. É impressionante, mas fiz contagem regressiva durante uns 100 dias para esse campeonato. Anotava o número à lápis num cantinho da mesa na escola. Na época, com 14 anos, cursava o 1º ano do ensino médio.

Sorteadas as chaves, adrenalina pura. Fui então assistir um jogo entre 2 dos meus futuros adversários. Ambos eram visivelmente iniciantes, ainda assim eu estava muito preocupado.

Tendo percebido meu nervosismo, ao intervalo da partida o dindo me chamou e me perguntou: Já viste, né? Eu não sabia o que ele queria dizer. O quê? – respondi. Que esses não são adversários pra ti – finalizou. Foi a frase mais motivacional que ouvi nos meus então poucos anos de futmesa. Venci um deles por 4x0 e o outro por 5x0. Segui empilhando vitórias até a semi-final, onde meu adversário seria um santavitoriense chamado Deivili.

Não nos conhecíamos e não tínhamos conversado até o momento, mas havia respeito mútuo. O jogo truncado terminou em 0x0 e foi para a prorrogação. Faltando 2 minutos para o final, ele pede à gol numa bola com perigo de falta. Coloquei o goleiro quase todo num canto, não acreditando que ele pudesse mandar aquela bola no gol. Inexperiência da minha parte, pois a bola entrou no meio do gol à meia altura. A comemoração de Deivili e dos demais santavitorienses liderados por Guido durou mais ou menos 1 minuto de pura gritaria. Levei pra casa o meu primeiro “mapinha”, de 3º lugar.

Academia de Futebol de Mesa

Foi fundada a Academia e pra lá eu fui, deixando muitos amigos na APFM como Bruno e Augusto. Na Academia jogavam Osmar, Alexandre, Figueira, J.Malhão, P.Malhão, Pierobom, Michel, Mateus, Tiago, Zilber, Diego, Gustavo, entre outros.

Ainda em adaptação na Academia, não tive grandes resultados em 98. Entretanto no Estadual de Juvenis fui sorteado na chave de Deivili e venci por 4x1, mas acabei caindo na segunda fase. O campeonato foi vencido pelo Bruno, então na APFM. Deivili foi o vice.

Em 99, com 16 anos, fui campeão do Fronteirão, em Livramento, enfrentando Bruno na final e vencendo nos pênaltis. No Estadual Júnior acabei na terceira colocação. O campeão foi Renan Baptista, com Bruno vice.

No ano 2000, após vencer Augusto nos pênaltis da semi-final, novamente uma final com Bruno, desta vez no Estadual Júnior. Perdi por 1x0. Depois de muita insistência, fui campeão em 2001, vencendo Felipe Souza na final por 3x1, quando com 18 anos e habilitação provisória, viajei sozinho de carro até Bagé.

Aos poucos eu estava conseguindo atingir o meu objetivo de estabelecer um padrão de jogo agressivo e com defesa forte, e ainda em 2001 fui campeão do campeonato longo da Academia. “Não dá pra deixar o Marcelo chutar”.

De 2002 até 2004, algumas boas colocações como mais um Campeonato Pelotense, um vice e terceiro lugar Estadual por Equipes e um 3º lugar no Brasileiro Livre, mas nada de grandes títulos. Embora sempre presente, o futebol de mesa havia dado uma esfriada na minha vida enquanto namorava, trabalhava, cursava faculdade de Administração e tocava bateria.

Em 2005 tudo mudou...

... quando comecei a treinar quase diariamente com o Pedrinho. Sim, quase todos os dias das 18:00 às 18:50. Nessa época fui me aproximando do meu auge técnico nos cavados. Chega então o dia do Estadual Especial. Meu companheiro de treinos iria viajar no final de semana e não poderia jogar.

Eu sabia que já era um botonista de nível competitivo, mas sinceramente não acreditava que pudesse ser campeão. Venci todos os jogos na primeira fase. Na segunda, comecei tropeçando, levando um gol de Jossicar (Bagé), mas consegui buscar um suado empate. Na seqüência venci todos os jogos até chegar à final onde venci por 2x1 o botonista Charles Bastos (Bagé), então revelação da competição.

Instantes depois, em meio a muitos abraços e cumprimentos, recebo duas mensagens no celular. A primeira dizia “Melhor campanha da história”, remetente: Dindo. A segunda dizia “Soquei o campeão estadual na quinta”, remetente: Pedrinho.

Ainda em 2005 cheguei à final do Brasileiro Livre, contra Luis Rodalles. Até a final ele havia vencido todos os jogos e eu havia empatado um. Vantagem para ele e jogo terminado em 0x0. Vice-campeão naquele que seria o meu último Brasileiro na modalidade livre. Nesse mesmo ano venci novamente o Campeonato Pelotense.

Ainda em 2005 fiquei sabendo que seria realizado no COP um Estadual Experimental de Lisos. Eu nunca havia jogado de lisos, mas liguei para o Ivan Ribeiro dizendo que precisava de um time liso pronto em uma semana. Time pronto e vamos para o jogo.

De forma inacreditável estréio vencendo o Mateus por 2x1 de virada. Matias era um dos favoritos por já ter sido 3º lugar num Brasileiro de lisos. De forma surpreendente, passei por outros adversários como Aldyr e Nilson, e cheguei na final contra Augusto, então pela APFM. Jogo terminado em 0x0 e fui campeão nos pênaltis. Pelo telefone, Osmar não acreditava que eu havia sido vencido. “Hahaha, campeão?”.

Meses depois a Associação de Futebol de Mesa de Caxias do Sul estava voltando ao cenário do esporte no estado e promoveu a Taça 40 anos AFM Caxias. Lá fui eu para colocar meus lisos na mesa pela segunda vez. Fui campeão, fiz muitos novos amigos, como Daniel Maciel, com quem joguei duas vezes no torneio. A modalidade Liso foi oficializada na FGFM pelo presidente Cláudio Schemes.

O Golaço

Em 1996 peguei o carro e fui sozinho de Pelotas até Criciúma, para jogar o Centro-Sul Brasileiro de 1996, o último em que optei pelos cavados.

Sempre tive um bom aproveitamento em chutes de média distancia, mas não me considero um grande chutador de longa distância como Victor Mecking, Mateus Pierobom ou Rodalles. No entanto já fiz alguns gols antológicos. Talvez o maior deles tenha sido nas quartas-de-final deste Centro-Sul, contra Felipe Souza.

Vi que Felipe jogou em direção à bola na intermediária, para cobrir. Pedi à gol e o relógio tocou. O jogo estava 0x0 e ele ia se classificando às semifinais com o resultado. Eu tinha um levantador de cada lado, cada um próximo ao escanteio do meu campo. Há quem diga que os botões não passavam por nenhum lado, mas optei pelo Edson, que estava pela esquerda, e a bola entrou sobre o goleiro que estava quase colado na trave. Fiz a volta olímpica.

O Primeiro Estadual de Lisos...

... foi em 2006. Fazia muito frio em Caxias do Sul. Venci todos os jogos da primeira, segunda e terceira fase, até chegar à semi-final quando um empate contra Piruka me garantiu na final e jogando com vantagem. O adversário seria o caxiense Daniel Pizzamiglio.

Já havia enfrentado Daniel no decorrer do campeonato e vencido, mas sabia das dificuldades. Um caxiense chamado Cláudio Carvalho veio me dizer antes da partida: Esse jogo vai ser difícil pra ti, ele está no dia dele! Comecei bem, mandando um chute de longa distancia no travessão, mas em seguida fiquei sem defesa e cedi um “dois lances”. Pizza chuta no goleiro.

Na saída de bola do segundo tempo Pizza comete falta técnica. Ainda com características do jogo de cavado, digo “vou cavar”. Vejo que a bola veio na minha direção e tento esquivar, mas o árbitro Claudinho assinala o pênalti, convertido pro Pizza e festa dos donos da casa.

Não me restava nada senão ir para cima. No melhor estilo cavado, um chute à bater passa perto. Em seguida uma bola no goleiro que parecia não querer entrar. Faltando 3 minutos, em mais uma jogada de cavado, estilo “porco”, na ponta direita e Lela (quase sempre ele) marca o gol do título. Foi uma conquista muito importante, pois ganhei o campeonato e um grande amigo, que mais tarde também se tornaria campeão gaúcho.

Ainda nesse ano, joguei a final da Taça RS contra o gordinho Victor Mecking. Apesar de ambos chegarem com campanhas idênticas, ele possuía a vantagem por ter melhor saldo de gols. Foi um grande jogo, terminado em 1x1. Fiquei com o vice-campeonato e no ano seguinte o critério saldo não fazia mais parte das competições da FGFM. Venci novamente o Campeonato Pelotense nesse ano.

2007...

... chegou, e com ele novos desafios. Durante o ano inteiro alternando partidas de liso e de cavado, cheguei com força no Estadual de Lisos. Porém na semi-final fui derrotado por André Marques, que no final se sagrou campeão. Acabei em terceiro.

Logo em seguida, cheguei à final do Centro-Sul Brasileiro de Lisos, em Pelotas, contra o fenômeno Sérgio Pierobom. Venci por 2x1.

Talvez esse tenha sido o ano em que consegui jogar lisos e cavados de forma mais equilibrada. Meses depois fiz grande campanha no Zona Sul e cheguei à final contra nada menos que Silvio Silveira. A vantagem era minha, mas um “porco perfeito” no fim do jogo poderia estragar a festa. A régua de Silvio não entrava e sua ficha entrou em ação. Quem também entrou em ação foi meu goleiro (Rafael Camarota) que lançou no pé de Lela, que fez o gol do título.

Logo depois veio a Taça RS, numa chave nada fácil, com Alex Degani, Victor Mecking, Careca, Diogo Mallet, entre outros.

Nessa Taça RS conheci um cara chamado Douglas, do Círculo Militar, que estava acompanhado de seu filho mais novo, ainda criança. Douglas me disse que a vida é feita de vitórias e derrotas e que o futebol de mesa não é como um vídeo-game, em que se pressiona “reset” e começa tudo de novo. No futmesa é preciso saber encarar as vitórias e derrotas, por isso achava importante incentivar o filho no esporte.

Após empatar com Marcelo Mallet na semi-final, cheguei à final contra Ricardo Moraes e venci por 2x0 (foto).

Em 2008...

... com exceção de um empate contra Brandão, venci todos os jogos até chegar na semi-final do Estadual de Liso, contra Daniel Pizzamiglio. Num lance que só me aconteceu uma vez na vida, o botão (13 – Hélcio), que deveria correr toda a mesa, afastando a bola, não andou nem um palmo e sequer tocou a bola. Gol de Pizza, que na final venceria César Keunecke e se tornaria o então mais novo campeão gaúcho de lisos.

Venci novamente o Centro-Sul de Lisos, desta vem em Vitória-ES, numa final contra o carioca Robson Marfa.

Mais tarde mais uma final de Zona Sul. Após reverter a vantagem de Alessandro Rosa, cheguei à final contra Alex Degani. Eu estava em desvantagem em relação ao empate e considerava Alex o adversário mais forte nos cavados, por isso achei o desafio interessante. Sempre acreditei que desafios são como combustível, além de serem necessários para qualquer evolução. No entanto, nem sempre é possível vencer, e Alex vence a final por 2x0.

Mais tarde venci novamente os campeonatos longos internos da Academia, livre e liso.

Em 2009...

... o então presidente André Marques procura a mim e Augusto para informar que no final do ano estaria deixando a presidencia da FGFM. Começa ali o desenvolvimento de uma idéia e, posteriormente, a formação de uma chapa. Confesso que já pensava nisso, mas não para assumir aos 26 anos.

Após vencer todos os jogos, com exceção de empates contra Carlos Kuhn e Luciano Carraro, chego à semi-final do Estadual de Liso contra Careca. Saio perdendo. Consigo um empate suado e emocionante quando faltavam uns 4 minutos para o final. O empate era meu, mas no final do jogo Careca ainda marca um gol contra. Na final venço Luis Rodalles por 1x0.

Após o tricampeonato Centro-Sul Brasileiro de lisos, na final disputada contra Moscoso, começo a trabalhar na formação da chapa. Tive a felicidade de ter a aceitação de quase todos com quem eu queria contar trabalhando comigo.

No Brasileiro de Clubes, disputado dentro do Estádio de São Januário, tive a então minha pior derrota. Não simplesmente por ter sido derrotado, mas por junto comigo meus amigos e companheiros de equipe também terem sido eliminados. Foi na semi-final da modalidade livre, contra um carioca chamado Alênio. Academia terminou em terceiro lugar. A Portuguesa de Alênio foi campeã.

Na modalidade liso, chegamos à final contra a ACRA, equipe então campeã baiana. Após um primeiro tempo encerrado com 3 derrotas, no segundo tempo consigo empatar contra Aragão, Augusto empata contra Lucas Maluquinho e Mateus, que estava perdendo de 3x0 para Danilo, busca o 3x2, mas não havia mais tempo. Academia vice.

Venci novamente os campeonatos longos da Academia.

Ao final da Taça RS daquele ano, vencida por Marcelo Mallet, recebi o título de Presidente da FGFM. Pela frente, mais um grande desafio.

No ano de 2010...

... ausência de grandes títulos individuais. O ex-presidente André falou que isso se trata da tal “praga do cartlola”. Porém, conquistei um grande sonho, que veio em dose dupla. Mesma equipe, mesma cidade e mesmo título. Em modalidades diferentes, a Academia se sagrou Campeã Estadual por Equipes, um feito inédito. Junto comigo jogaram Augusto, Mateus e Zilber.

Pouco tempo depois, minha pior derrota. Estávamos em Vitória-ES. “Vamos jogar só o liso?” – insistiam Mateus e Augusto. “Não!” – respondia eu. Na noite de sexta tivemos um churrasco entre os botonistas, realizado na casa de Fernando Miranda. Para a infelicidade de Mateus e Augusto, acordamos cedo no sábado, para jogar o Brasileiro de Clubes Livre.

Sentados à mesa do café da manhã, Mateus dispara: “Alemão, vamos lá, vamos jogar e vamos ganhar essa porr*, para o Marcelo parar de nos encher o saco com essa história de cavado!”

Chegamos à final, contra nada menos que um time formado por Alex Degani, Silvio Silveira e Duda. Eles tinham a vantagem, pois haviam obtido uma vitória a mais. No entanto, Mateus abre o placar contra Alex. Minutos depois Augusto tem uma falta contra Silvio, mas chuta no goleiro. Mateus marca o segundo, e seu jogo termina no mesmo instante que erro uma cober btura que terminou com o gol de Duda. Acho que não preciso falar sobre a comemoração.

Mais tarde venci o campeonato longo de liso da Academia. No livre, perdi a final por 1x0 para Augusto.

Brasileiro, capítulo à parte

Em novembro de 2009 acompanhei o presidente André Marques na assembléia do Campeonato Brasileiro que ocorreu em João Pessoa. Ainda nem era presidente da FGFM e já caía um Campeonato Brasileiro na minha mão.

Um ano depois... Organizar um Brasileiro em Porto Alegre morando em Pelotas. Jogar o Brasileiro? Sim, claro, mesmo entre uma tarefa e outra, entre uma incomodação e outra, jamais deixaria de participar. Por sorte recebi muita ajuda, de pessoas comprometidas com o esporte. Não as citarei agora para não correr o risco de esquecer alguém, mas o maior apoio veio do próprio André, naquele momento ex-presidente da FGFM e Diretor Técnico da CBFM.

Aproximadamente 200 participantes presentes no salão do Hotel Continental. Um dos maiores Brasileiros de todos os tempos.

Na primeira fase venci os 3 jogos, sendo um deles contra o campeão brasileiro Dudu (BA), um cara que já cheguei a considerar o melhor botonista do Brasil. Na segunda fase venço novamente meus dois jogos e vamos ao mata-mata. Primeiro adversário: Ivo (BA).

Eu sabia que o cara jogava muito, mas eu já o havia vencido. Além disso eu tinha vantagem. Fiquei sabendo que na noite anterior Ivo havia comemorado a subida do Bahia à primeira divisão. Talvez por isso ele tenha abandonado o jogo após eu marcar 2 gols. Ele realmente não parecia bem.

Entre os 16 termina o primeiro tempo e estou perdendo de 2x0 para Rodolfo Feliz (ES). A vantagem era minha, mas ele era superior no jogo e parecia não haver forma de reverter o placar. Recebi muito incentivo no intervalo. “Vinhas, não desiste!” Achei um gol no meio do segundo tempo, e vamos ao ataque.

Consigo uma boa jogada, que Rodolfo tapeia para perto de sua linha de fundo. Faltava 1 minuto e com meu ponta esquerda consigo cavar um escanteio no goleiro, para armar outra jogada. Novo tapa de Rodolfo, mas dessa vez eu conseguia chutar. Peço à gol e o tempo acaba... O nome dele era Índio, camisa 9.

Entre os 8, Tiago Feliz, irmão de Rodolfo e igualmente técnico e competitivo. Faço 1x0, mas sofro a virada. Consigo o empate, suado. Faltava 1 minuto e recebo um dois lances. Passe bem feito, mas não era último chute. Até ali eu havia vencido 6 jogos e empatado 1. O clima era tenso e eu não estava disposto a correr riscos. Intencionalmente chutei para fora e instantes depois o jogo acabou. Alguém já ouviu falar em efeito borboleta?

Semi-final, Aldemar (RN). Um grande botonista, que já havia sido campeão do Nordestão. Figueira diz “esse é o cara pra matar”. Eu estava muito tranqüilo, e consegui vencer por 1x0, possuindo a vantagem.

Um ano antes, em João Pessoa, fui cumprimentar Diógenes pelo título nacional (penta ou hexa?). O primeiro jogo dele naquele campeonato havia sido contra mim. Perdi por 1x0, num grande jogo. Em momento raro, Diógenes estava sorrindo. Um aperto de mão, um abraço e ele me diz: “Você chega lá, eu estou esperando por você”.

Enfim, estou na final de um Campeonato Brasileiro de Liso, um terreno até então desconhecido para qualquer gaúcho. Porém, do outro lado não estava Diógenes. Difícil acreditar, mas quem estava lá também não era nenhum baiano. Meu adversário seria um carioca que jogava de ficha, algo raro nos lisos. Um carioca que já havia me vencido nos cavados. Um carioca que antes de chegar à final havia eliminado Mateus Pierobom e Marcos Piruka na seqüência. Sim, do outro lado estava Alênio.

Até ali eu havia vencido 7 jogos e empatado 2. A campanha de Alênio era a mesma. Sua única vantagem foi a de ter vencido o sorteio da mesa.

Apesar da autoconfiança, comecei mal. Durante todo o primeiro tempo praticamente não acertei o “toque” da mesa, errando sempre a força. Sendo assim, não consegui produzir nada. Intervalo, e estou perdendo por 1x0.

Contra Rodolfo e Tiago eu precisava buscar o placar após o intervalo. Coincidentemente no intervalo de ambos os jogos pedi que Osmar me comprasse um refri. Contra Aldemar eu não precisava buscar o resultado, mas também ganhei um refri no intervalo, pois estava dando tudo certo. Agora na final, mesmo sem pedir, o refri chega, e com ele mais um gol de Alênio, que jogava demais.

Consegui descontar (2x1), mas a festa foi carioca.

Finalizando

Peço desculpas por ter me estendido demais no texto. Foram 10 páginas, e me esforcei para que não fossem 100. Agradeço novamente aos que até aqui chegaram. Para terminar, uma frase minha mesmo. Certo dia, em viagem para o Estadual de Liso de 2010, Alexandre Gomes me perguntou por que eu havia assumido a FGFM. Respondi que me sentia em dívida com esse esporte, e queria trabalhar por ele. Respondi que o futebol de mesa era muito mais importante para mim do que eu para ele ".

15 comentários:

Augusto 2 - toques disse...

2011 teremos o cartola campeão, tenho certeza disso, tomara que também seja em Rééécife, apesar do nosso forte concorrente, o NOVO CHEFE. Parabéns por ser e fazer história no esporte um abraço do "irmão" 2T.

Maurício disse...

Grande Massaranduba...lindo e emocionante o teu ralato...e realmente bem extenso...hahahahaha!!!
Vinhas parabéns por tudo que já fizeste e vens fazendo pelo nosso esporte, mas principalmente pela pessoa que tu és...concordo com as palavras que o Diógenes te disse em João Pessoa, também tenho certeza que um dia tu chega lá...bateu na trave, na próxima entra!!!

Grande abraço!!!

Maurício Ferreira (Chambinho).

Daniel disse...

Tenha certeza de uma coisa, é assim que se faz as histórias do futebol de mesa.
E voçê e esta turma maravilhosa da Academica não poderiam produzir outros sentimentos sobre nosso esporte do que estes retratados por ti.
Menino, garoto, Homem que te tornou.
Parabéns pelo teu caracter, educacação e amizade que demonstra não só para os teus proximos como para os outros que a vida te apresenta.
Fica o desejo de muita LUZ em teu caminho, pois tu és um CAMPEÃO como pessoa.
Parabéns Osmar pelo homem que tu ajudou a forjar.

Dani

Pedro C Hallal disse...

Destacar as grandes vitórias é fácil. O difícil é conviver com as grandes derrotas. E somente os verdadeiros campeões, no esporte e fora dele, sabem dosar a êxtase da vitória com a tristeza da derrota. Parabéns Marcelo, um texto que merece ser guardado!!!

Guido - Maletas para Futebol de Mesa disse...

Parabéns Vinhas pela pessoa que és. Acima de tudo, um grande caráter. O equilíbrio em narrar vitórias e derrotas no mesmo tom, já diz de quem se trata. Esse é o estigma de um vencedor - que não se restringe apenas às quatro linhas de uma mesa. És referência para jovens e velhos, como eu.

Robson Betemps Bauer disse...

Parabéns meu presidente !!!!

Formidável sua história.

Parabéns pelo que vc é na mesa e fora da dela.

Abração !!!

lhroza disse...

LH.ROZA....
Parabens MARCELO VINHAS!!! Por tudo o que fizeste ou deste continuidade, daqueles que tornaram esse esporte o FUTMESA nosso eterno "lazer".
Um grande abraço.

Cristian Ferreira da Costa disse...

o Vinhas é o cara e não o romário!!

Cristian Baptista disse...

Massaranduba, fantastico. E olha que so li a metade. Deixei a outra metade pra pra me divertir depois janta.... Hehe. Abs

PTC Futmesa disse...

Vinhas;

Belíssima história, onde as inúmeras vitórias são retratadas com a mesma elegância das poucas derrotas, PARABÉNS!

Nós do Círculo Militar, teus parceiros em tantas competições, somos testemunhas da tua paixão pelo pelo Futebol de Mesa e também da seriedade com que tratas o esporte.

SAMBAQUY, Adauto Celso disse...

Grande presidente Vinhas,
Sua história é realmente fantástica e é por isso que consegues ser unanimidade entre os botonistas brasileiros. Ainda desejo ter a alegria de poder abraçá-lo e dizer da minha alegria pelo seu trabalho maravilhoso em pról desse esporte que está chegando aos cem anos em nosso país. Continue Vinhas e quebre essa sina de que dirigente não ganha campeonatos.
Parabéns pela história cheia de vitórias e emoções.
Um grande abraço
Adauto Celso Sambaquy

CACO disse...

Parabéns presidente tua narrativa comprova que ser um grande campeao é muito mais do que jogar bem. O grande campeao aparece primeiro fora das mesas.

Osmar disse...

Dizer o quê?
Queria os meus sobrinhos e afilhados, perto de mim, do esporte que amo e longe de alguns males que rondam os jovens.
Nem nos meus melhores sonhos, imaginei o que viria.

Obrigado Otávio, obrigado Marcelo. Parabéns Presidente pela inesquecível gestão.

ASSOCIAÇÃO RIOGRANDINA FM disse...

Massaranduba.... hehehe!!! Muito massa a tua história, e muito legal te acompanhar desde 1995 dentro e fora das mesas. Como não lembrar do Estadual Junior deste ano, em que tu tinhas um "manager" atrás da mesa!!! hehehe. Sucesso meu velho!!!

ob: parte mais engraçada do teu relato... "Sentados à mesa do café da manhã, Mateus dispara: “Alemão, vamos lá, vamos jogar e vamos ganhar essa porr*, para o Marcelo parar de nos encher o saco com essa história de cavado!”... hehehe! Queria ter presenciado esta!!!!

abração

Alex Degani

Alenio Cheble disse...

Vinhas,

Parabéns por seu relato, me diverti e não foi sofrimento algum ler a matéria, muito pelo contrário, foi um grande prazer.
Saiba que quando resolvi jogar o liso, olhei muito seu jogo para aprender e para mim você é e sempre será o cara a ser batido.
Nós da Portguesa, temos grande admiração por você e sua equipe e é muito legal batermos aqueles papos antes e durante as competições.
O seu campeonato brasileiro de liso é questão de tempo, tenho certeza.
Te digo que até hoje não acredito que ganhei aquela final e sequer acreditava que poderia chegar até ali.
Parabéns pelo jogador e pessoa maravilhosa que vc é.

Grande abraço,

Alenio Cheble