sábado, 18 de junho de 2011

GOTHE CROMO GOL




















Hoje tem Campeão Brasileiro no GOTHE CROMO GOL. Confira a história de Alenio Cheble, Campeão Brasileiro dos lisos.

O INÍCIO

Nasci no Rio de Janeiro em 1977, porém os 10 primeiros anos da minha vida passei em Brasília, onde conheci e comecei jogando botão através dos botões de panela onde sua maioria tinham escudinhos cortados da revista Placar, acho que a galera da década de 80 vai lembrar bem. Fazia competições com colegas mas gostava de jogar em casa com meu pai ou sozinho onde quase sempre o Flamengo ganhava porque era meu time de coração. Dessa fase eu me recordo que o time do meu pai era um Portuguesa galalite, que ele chamava de Fluminense, mas que eu só usaria quando ficasse maior porque ele sempre guardou com muito carinho. Lembro que meu pai nunca me deixou ganhar e me ensinou que eu teria que conquistar as coisas por meu mérito, que seria muito melhor dar valor as coisas por aprender, evoluir e conquistá-las.

Em 1986 meu pai disse que os amigos do trabalho dele estavam jogando futebol de mesa, e assim comecei nas regras oficias, através da bolinha que era jogada com 3 toques. Lembro que comecei em 1987 na categoria sub-18 e entre 12 jovens, eu, com apenas 10 anos fiquei em um excelente sétimo lugar. No final do ano ganhei uma mesa de presente de natal mas no início de 1988 ele foi transferido e voltamos a morar no Rio, e os botões foram para a estante.

O DISCO E A PORTUGUESA

Em 1990 era goleiro de Futebol de Salão da Portuguesa, e conheci 2 pessoas que foram e são fundamentais na minha vida e, junto com minha família foram e são responsáveis pela formação do meu caráter e do ser humano que sou. No mesmo time que eu, o outro goleiro era um rapaz que logo fiz amizade, um rapaz chamado Horácio, e no final desse ano meu pai me apresentou um moço chamado Pedro Carlos que iria implantar o Futebol de Mesa na Portuguesa. 

Era uma regra diferente da que já tinha jogado mas rapidamente gostei do disco pelo desafio e mais uma vez estava lá, um menino de 13 anos jogando contra uns caras feras de mais de 30. Comecei com um time vermelho e era o Atlético-PR já que não poderia ser nem Flamengo, nem Milan. Perdi muito, tomei de 5, 6, 9. Jogava ofensivamente, nem queria saber da defesa porque jogava bolinha. O negócio era chutar mesmo. Levei o Horácio para o Futebol de Mesa e na primeira final entre nós dois no final de 1991 no torneio dos eliminados chamado Luso Brasileiro, perdi por 2 x 1. Lembro que nesse dia chorei, fiquei chateado, dei um show na sala porque achava que ganharia e joguei até melhor, mas não deu e mesmo com meus pais lá na sala, tomei uma bronca do Pedro que nunca mais esqueci... Naquele dia acho que nem dormi mas como vinham as férias prometi treinar e melhorar. Sabem o que fiz? Fiz meu pai tirar a velha mesa da bolinha de trás da estante, chamei um vizinho e treinava todos os dias, de manhã e de tarde, durante todas as férias e no final de 1992, conquistei meu primeiro título, o mesmo campeonato que havia perdido no ano anterior, o tal Luso Brasileiro onde venci a final por 2 x 0. Engraçado que nessa competição mudei a escalação do time e coloquei o Dream Team de basquete americano e ali nasceu o Malone, o nº 11, primeiro grande ídolo dos meus times. 

Em 1993 minhas maiores conquistas aconteceram fora da mesa, a primeira, a aquisição da minha palheta ou ficha que jogo até hoje com ela ( custou 3 reais ) e comprei durante a segunda divisão do estadual que fiquei em terceiro lugar e consegui o acesso ao estadual da primeira divisão, e o segundo, o direito de ser Flamengo,  um sonho antigo, a escalação passou a ser o time do Flamengo mas com o Malone sendo o camisa 11, ele está lá até hoje, afinal de contas, ídolo é ídolo. Porém nesse ano, uma coisa me marcou, acho que devido aos treinos na mesa lá de casa, melhorei muito e comecei a jogar de igual para igual contra os craques da Lusa e no final de uma partida contra meu grande ídolo Pedro, onde joguei como nunca mas perdi como sempre, 1x0 gol do nº 3, ele me disse que eu não mereci perder e que tinha jogado muito. Um pouco mais de treino e dedicação, e no ano seguinte 1994, com mais treinos, conquistei a Copa Portuguesa ( nosso torneio interno ) pela primeira vez, após vencer no último jogo o próprio Pedro por indiscutíveis 3 x 0. Engraçado que nessa época jogava com 5 atacantes e botões de grau 15 e 16. Velhos tempos.

CONHECENDO AS FERAS

Em 1994 participei do meu primeiro estadual aqui no Rio, até 2000 o estadual era disputado em pontos corridos pelos 16 melhores e subia e desciam 4 para a segunda divisão. Fiquei ali pelo meio da tabela. Em 1995 surgiu a oportunidade de ir a Vitória-ES no Brasileiro, Pedro fez um esforço e conseguiu arrumar o hotel e a passagem através de um patrocínio, e mesmo assim para ir eu precisava arrumar dinheiro para viajar. Surgiu uma proposta de vender o nome e o direito de ser Flamengo dentro do meu clube e para viajar e jogar um Brasileiro, não pensei duas vezes. Vendi por 50 reais e lá estava de malas prontas.

Em Vitória, saí na primeira fase mas nem fiz feio, ganhei uma, empatei uma e perdi de 1x0 para o Guido que iria ser bicampeão naquele ano. Lembro que perdi uma chance clara de gol no finalzinho e poderia ter me classificado. Mas só de sair para o GUIDO, para mim um verdadeiro mito e professor, e um dos maiores que já vi jogar, sinceramente, estava feliz. Não foi um jogo, foi uma aula. Pude perceber que jogávamos na Portuguesa um futebol de mesa muito abaixo do nível dos caras e precisaríamos treinar muito, mudar o jeito de pensar e jogar, para tentar chegar próximo a eles. Passei o restante da competição observando e vi jogadas que jamais tinha feito. Quando cheguei no Rio, passei a treinar e modificar meu jeito de jogar. Aquele negócio de atacar sem se preocupar em defender, era irreal, o cara bom mesmo é aquele que ganha de 1x0 na única chance que tem e não da chance aos adversários.

Mudei um pouco meu jeito de jogar e pensar, e errei muito, sofri e perdi muitas partidas, fiquei em sétimo no torneio interno, mas não abri mão de continuar tentando e os erros a cada dia foram diminuindo. No ano seguinte ( 1996 ) em Pelotas, me classifiquei para segunda fase e empatei com o campeão Nilmar por 1x1, o único gol que ele levou na competição, ali nascia o segundo e maior ídolo da minha equipe, o nº 16, DENTE PODRE. Esse nome é devido a um amigo meu de colégio que só beijava meninas feias e a gente dizia que ele ia ficar com Dente Podre ( ele nem tinha ) e o apelido pegou e o botão também...

UMA IDENTIDADE E O PRIMEIRO BRASILEIRO

A partir de 1997 comecei a fazer faculdade e trabalhar para ajudar nas despesas da minha casa e o futebol de mesa passou a ser uma válvula de escape de tantos compromissos. Chegava na Portuguesa direto do trabalho, trocava de roupa lá mesmo, e ia jogar. Passei a dar ainda mais valor, mas me faltava uma identidade, e nesse ano através da TV conheci a Matonense, um time da segunda divisão de São Paulo, com uma camisa igual a do La Coruña e fizemos uma torcida da Matonense na faculdade aqui no Rio. O pessoal de lá adorou nossa idéia, fui a Matão com meu pai e lá mostrei meu time com escudo da Matonense. Ganhei camisa, espaço no site do clube e todas as minhas conquistas era divulgadas pelo clube. Me dediquei ainda mais e naquele ano cheguei as quartas de final do Brasileiro perdendo por um gol a bater faltando um minuto. Fui 5º no estadual e levantei o caneco da minha associação.

Em 1998 fui vice-campeão estadual livre, perdendo o campeonato por apenas 2 pontos, nessa competição Alexandre Dantas, foi campeão e me disse que me faltava um time melhor pois o meu era gasto, velho e não era padronizado. Ele me disse que o que faltava para ser campeão estadual e crescer ainda mais era um time melhor. Em 1999 em Natal-RN no Brasileiro, viajei 48h de ônibus, saí nas quartas novamente, dessa vez nos pênaltis mas comprei meu time por 50 reais ( inacreditável ) e retornando ao Rio me tornei pela primeira vez Campeão Estadual de forma invicta.

Em 2000 fui bi-campeão estadual, novamente invicto e pela primeira vez cheguei a um brasileiro ( SALVADOR 2000 ) acreditando de verdade que poderia passar da barreira das quartas e ganhar um troféu, mesmo que fosse de quarto lugar. Quando saí do Rio para pegar o ônibus lembro das palavras da minha mãe.. Veja se traz um troféu dessa vez e me liga para contar. Eu disse, é difícil mas vou tentar.

Foi um Brasileiro muito difícil, na verdade fiz um campeonato de altos e baixos, uma primeira fase com 1 vitoria e 2 empates, na segunda fase empatei com Victor Mecking, um grande amigo e grande jogador, e no último jogo me classifiquei graças a um gol contra quando faltava 1 minuto para o fim do jogo. Acho que aquele foi o gol do título. A bola bateu no meu botão liso que tinha acabado de entrar, prendeu e parou no meio do caminho, pois o adversário tentou cavar a bola bateu no Lizarazu nº 3 e entrou. Não acreditei estava nas quartas de final novamente e a um jogo do troféu. Weber ainda disse para mim, é o gol do título, eu respondi vc ta louco.. jogando essa bolinha que estou jogando, jamais... Nas quartas estava muito nervoso, odeio as quartas, porque se ganha o jogo vai para as finais e garante o troféu, se perde, não passeia, não aproveita e ainda é obrigado a apitar as finais. Maldita quartas... Enfrentei César-SC e no final 0x0 e penaltis. Desde minha eliminação em Natal, no ano anterior, os pênaltis passaram a ser uma obsessão para mim e treinei por um ano, se tinha uma coisa que confiava era nos pênaltis. E com o time por igual, mesma força, grau, não podia e não merecia perder, me concentrei, fiz os 4 gols ( 4 x 2 ) e lá estava na semi-final, fui lá fora no orelhão em formato de coqueiro ligar para casa e cumprir a promessa.  Mãe to entre os 4... Vou levar o troféu tá. Mais tarde te ligo para dizer qual...

Enfrentei um baiano e venci por 1 x 0, gol de Táxi ( nº 7 ) de falta direta, antes de sair do Rio, lembro de 2 conselhos, um de Alexandre que me disse, acredita e joga com calma que você tem todas as chances, e outra do Horácio, que me disse, se tiver uma falta direta bate com o Táxi, chuta no canto oposto, que ele não perde. Estava na final do Brasileiro e na modalidade livre a festa era toda carioca porque do outro lado da mesa estava Robson também do Rio, um adversário que nunca havia vencido.

A final foi muito nervosa, cada um teve apenas uma chance de gol e 0 x 0 foi inevitável, pênaltis. Comecei batendo e fiz 1x0, ele empatou 1x1 e perdi minha segunda cobrança, Robson também perdeu, fiz o terceiro, Robson perdeu novamente, os dois marcaram o quarto, 3 x 2 para mim e a última cobrança. Era só marcar e seria campeão, já havia acabado as disputas e todos estavam ali olhando. Me lembro de cada detalhe do jogo, do pênaltis, mas não sei dizer nada sobre o que se passava em volta, estava completamente focado na mesa e a última cobrança era do Dente Podre, o ídolo não podia me deixar na mão e não deixou. Bati e a bola entrou alta no meio do gol. A única coisa que gritei foi: CAMPEÃO BRASILEIRO, depois disso Weber, Pedro e Márcio Alan, companheiros de Portuguesa presentes pularam em cima de mim e foi aquela festa. Pedro desmaiou, foi atendido e fui direto no coqueiro ligar para minha casa.. Era o momento mais feliz da minha vida, queria dividir com aqueles que sempre me apoiaram e me ajudaram e o telefone lá de casa chamou e ninguém atendeu... Fiquei uma fera. rsrsrrsrs...  Só consegui falar com eles no hotel.

Em 2001 ainda ganhei o título interno, fiquei em 3º no estadual mas vi meu amigo Horacio ser Campeão pela primeira vez e fiquei tão feliz como se fosse meu título. No meio do ano, fui obrigado a parar de jogar por compromissos profissionais e foram 5 anos sem jogar.

O RETORNO

 Nesse tempo, o próprio Pedro por problemas pessoais, também se afastou um pouco e quando reassumiu me chamou de volta e em 2006 voltei a jogar na Lusa, lá é minha casa, meu lugar. Naquele mesmo ano, mesmo sem esperar, conquistei o Campeonato Estadual Livre e mais um título interno da associação.

Os Brasileiros me reservaram eliminações nas quartas de final em 2006, 2007 e a maldição das quartas aparecia novamente. Em 2007 percebi que o velho time campeão brasileiro de 2000 estava velho, gasto e não dava mais para ser usado, comprei um novo time, bem parecido por sinal, e comecei a usá-lo a partir de 2008.

Em 2009 aparece uma nova competição, o Brasileiro de Clubes e seria realizado no Vasco, fomos disputar a categoria livre, a equipe era eu, Horacio, Jonas e Pedro, passamos na primeira fase pelo Combinado e  Vasco e perdemos para Riograndina, passamos em segundo e enfrentaríamos na semi-final a  ( Academia ) de Vinhas, Mateus e Augusto. No sorteio, Alenio x Vinhas, que tinha acabado de meter 6 no seu adversário, chegaram a me dizer prepara o saco. Horacio e Jonas empataram seus jogos, cabendo a decisão para minha partida. O primeiro tempo foi meio morno mas no segundo fiz um gol a bater na metade do segundo tempo pela ponta direita e coloquei a Portuguesa na frente. No entanto, após a saída, fui cavar uma bola e ao cavar a bola bateu na minha mão. 2 lances bem executados e era o empate 1x1. Faltando 1 minuto para o fim, lanço uma bola na meia lua e Vinhas cobre, peço para Silvinho ( nº 9 ) e a bater por cima do goleiro marco o segundo e coloco com esse resultado a Portuguesa na final, contra a poderosa e imbatível Rio Grandina.

Na final, enfrento Silvio, Horacio a Duda e Jonas a Alex Degani, Horacio e Jonas nem tinham saído ainda a bola e escutam Silvio comemorar, 1x0, e a Portuguesa com menos de 30 segundos já perdia a final. Na metade do primeiro tempo consigo cavar uma bola e fazer uma porquinha e Dente Podre, sempre ele empata 1x1. O jogo segue assim até o final, Jonas e Horacio empatam em 0x0 com seus adversário e a final do Brasileiro de Clubes, de novo para mim, seria nos pênaltis.

Na disputa de pênaltis, cada jogador bateria um pênalti, no treino ninguém perdeu, Alex abriu pela Riograndina mas esbarrou no seu xará, o meu goleiro, e perdeu sua cobrança, Horacio perdeu, Silvio também perdeu e Jonas, num lance muito discutido pois a bola bateu na haste que sustenta a rede pelo lado dentro, marcou 1x0 para a Portuguesa, muita discussão no lance, que a bola não teria entrado, muito nervosismo e Duda quase errou a bola na sua cobrança, Dente Podre nem precisou bater e a Portuguesa se sagra a 1ª Campeã Brasileira de Equipes.

Muita festa, muita alegria, é a realização de um sonho, ajudar a tornar meus amigos campeões brasileiros é tão emocionante, quanto ser campeão brasileiro, na Portuguesa quando um vence, todos vencem, quando um perde, todos perdem, mas naquele dia todos eram campeões. Cada treino, cada dica, cada dia, cada briga, cada reclamação, cada apoio, tudo se resume ao somos campeões. Ah!!! A mesa dos pênaltis e da final, foi comprada pela Lusa e não sai nunca mais de lá!!!

CATEGORIA LISO E UM FEITO MÁGICO

Nesse mesmo ano, 2009, Pedro me pediu que começasse a jogar o estadual de lisos, que eu jogava bem, então investimos e compramos 4 mesas para lisos e para fazer companhia ao amigo Vitor Lyra que só jogava liso e estava sozinho na competição. Já havia jogado algumas competições de liso aqui no Rio mas não tínhamos estrutura para desenvolver o jogo. Isso começou mesmo em 2009 na Portuguesa. Me tornei campeão estadual já nesse primeiro ano, sendo vice nas 3 principais competições do liso no Rio e pelo ranking final me sagrei campeão.

Joguei o Brasileiro de livre em João Pessoa, e após sair para Felipe – RS em mais uma quarta de final, essa doeu de verdade, eu disse, agora so vou jogar brasileiro de liso. Já ganhei no livre, individual, já ganhei equipes, e agora vou jogar liso.  Vai demorar uns 5 anos para eu chegar perto desses caras, Diógenes e os Baianos, os demais nordestinos, Fernando e os Capixabas, Vinhas mas vou encarar o desafio, vou começar do zero com muita humildade, mas vou me preparar. Cansei de ser eliminado nas quartas e ser presença nas finais apenas como árbitro.

Em 2010 me tornei campeão estadual livre pela quarta vez ganhando as 3 etapas da federação mas meu foco de verdade era trinar para começar no Brasileiro de lisos em Porto Alegre. Não fomos muito bem no equipes, ficando em quarto lugar e jogamos liso para ganhar experiência e para eu poder conhecer um pouco os adversários, pois uma coisa é jogar e outra é assistir aos adversários e nunca havia jogado contra nenhum deles no liso. 
   
Levei pela primeira vez minha noiva, minha irmã foi pela segunda vez e fomos a Porto Alegre com a expectativa de passear e nos divertir muito. 67 participantes, minha primeira vez nos lisos, eu pretendia passar de fase e chegar na segunda fase para mim já seria um grande resultado.

Pois, para minha surpresa, começo jogando contra Aldemar, não o conhecia e venço a partida por 3x0, quando termina o pessoal me diz o currículo do cara e diz tu já fez muita coisa. Venço os 3 jogos na primeira fase e passo com uma das melhores campanhas.

Na segunda fase, empato o primeiro jogo e venço o segundo e me classifico para a primeira fase eliminatória, com 13 pontos. De noite no hotel, perdemos uma meia hora analisando se era melhor jogar ou nem ir e passear em Gramado com as meninas, mas Horácio disse: “Gordinho, viemos aqui para jogar, eu fico com você e vamos até onde der”, e assim foi.

Enfrentei Anderson-ES na primeira  fase, jogando pelo empate e mesmo jogando mal, consegui com um gol de falta de Dente Podre, empatar e passar para as oitavas de final. Na minha cabeça só vinha uma pergunta: “O QUE ESTOU FAZENDO AQUI?” Nas quartas de final, um adversário caseiro, Marco Martins do Vasco, o melhor jogador de liso do Rio e provavelmente um futuro campeão brasileiro em pouco tempo. Venci por 2x0, e sabem onde eu estava... Na maldita das quartas-de-final. Pronto, agora era perder, e apitar até o fim e o meu adversário seria Mateus Pierobom, que joga muito botão, e pensei, pelo menos sair nas quartas aqui é diferente. Mas eu jogava pelo empate e tentei segurá-lo de todas formas, deu certo e no final do segundo tempo Drogba marcou o gol da vitória e do troféu... Quando acabou o jogo eu virei para o Horacio, que não abandonou a mesa em nenhum momento e disse:  obrigado, olha onde estou...

Acho que por ter passado pela temida quartas, entrei bem concentrado e na semi-final contra Piruka comecei bem a partida e marquei logo 1x0 num golaço de cavador ( Ballack 13 ). Segurei a vitória e estava, veja bem,  na final, do Brasileiro de liso na primeira vez e logo contra quem, contra Vinhas, um craque que buscava dentro de casa não só o seu, mas o primeiro título brasileiro dos gaúchos na modalidade, que se prepararam para fazer a festa no salão do hotel Continental. Já havia vencido Vinhas em 2009 mas de livre e com 2 gols a bater. Mas um vice-campeonato brasileiro já era show de bola.

Antes do jogo, ninguém mais ninguém menos que Guido, que me ajudou no meu primeiro brasileiro, lá no início da história, veio me dizer que se eu ganhasse faria história e só ali fui saber que poderia ser o primeiro a vencer liso e livre. Nunca pensei nem em estar ali, muito menos fazer história.

Ninguém tinha vantagem na final, empate era pênaltis, não sei se por causa da mesa ou nervosismo Vinhas não começou muito bem, e logo no início, em um 2 lances, com Anelka marquei 1x0. A verdade é que a partir da semi-final passei a jogar com concentração e tranqüilidade incrível e com a vantagem no placar, pensei. Continua do mesmo jeito. Cheguei no intervalo do jogo vencendo de 1x0 e faltando 9:48 para o fim do jogo amplio o placar para 2x0, Anelka de novo. Diferente do primeiro título, onde lembro de cada detalhe, lembro muito pouco desse jogo, só sei que a cada jogada boa ouvia o Pedro gritar boa Alenio e bater palmas de seu jeito peculiar. Sei que quando marquei 2x0 e vi o tempo de jogo eu disse para mim mesmo, faltam 9 minutos, agora que cheguei aqui, não entrega Alenio, por favor. Levei um gol faltando 3:43, 2x1. Procurei segurar a bola no campo de ataque e quando a bola saiu de lá, a primeira voz que ouvi naquela final era do amigo Horácio que me avisou 18 segundos gordinho, ainda perguntei se precisava palhetar e o juiz disse que sim, era um lance simples mas, de coração, foi a palhetada mais difícil da minha vida. Quando soltei a palheta  e vi aquela bola sair pela linha de fundo, eu era o cara mais feliz do mundo, não por ser campeão ou por fazer história como alguns dizem mas, por poder estar comemorando ao lado dos meus amigos e dividir com eles esse feito, porque cada um deles foi responsável por ele. Eu só conseguia chorar por não acreditar no que tinha feito. Ah!! Graças ao celular, liguei para casa e atenderam para me dar os parabéns!!! Fiquei ainda mais feliz !!!

Falar do futebol de mesa para mim é falar da minha vida. Através dele me formei como ser humano, aprendi a dar valor a cada coisa, tratar todos com respeito e com igualdade, ser honesto acima de tudo. Valorizo cada um dos meus títulos mas dou muito mais valor a cada amigo que conquisto.

Não posso terminar sem agradecer ao Pedro, ele diz que é meu fã mas ele é muito meu ídolo, sou com certeza o filho homem que ele não teve, Horácio não tem como dimensionar o quanto gosto dele dar um valor a essa amizade ainda assim seria pouco e não seria justo. Meu pai e minha mãe, que não mediram esforços para eu poder viajar e sempre torceram por mim.

Amigos que me apoiam e torcem como o Toninho, ele saiu do salão porque não quis ver os últimos 5 minutos da final, Bruno Falcão que perdeu a final do Junior e não tava nem aí para isso porque ele diz que venceu junto comigo e todos os amigos da Portuguesa que treinam comigo, me aturam, compram as minhas idéias e lutam pelo melhor da Portuguesa e por nosso esporte.

Grande abraço a todos.

11 comentários:

Guido - Maletas para Futebol de Mesa disse...

Alenio:

Que belíssima história de vida, de superação e de camaradagem. Em cada linha se percebe a infinita humildade que caracteriza os grandes campeões e os diferencia dos simples vencedores. Acompanho o teu trabalho na Portuguesa e admiro o grande ser humano que és. Sou teu fã!

AFM Caxias do Sul disse...

Grande Amigo Alenio!
Parabéns pela pessoa que tu és!
Grande abraço!

Maurício disse...

Grande Alenio, muito bonita tua dedicação, determinação e tuas conquistas no futebol de mesa.

Concordo com o Guido, tu és um exemplo de campeão!!!

Um grande abraço!!!

Maurício Ferreira (Chambinho).

Robson Betemps Bauer disse...

Alênio, que bela história !!! Me emocionei em algumas passagens e me arrepiei em outras. Não tenho vergonha em dizer.
Vc merece tudo isso pois vc é pessoa que valoriza uma amizade, que possui uma excelente postura na mesa contra seu adversário, humildade única e camaradagem plena. Tu, juntamente a família Portuguesa onde já me acolheram com hospedagem carinho e atenção, grande Pedro e o Horácio, semeam bondade e harmonia pelos campeonatos que participam. É sempre muito bom encontrar vcs dos tempos antigos. Cara, parabéns pelo botonista que vc é, mas principalmente pela pessoa que vc se formou.

Como dizem aqui no Sul: "Um quebra costela de volta e meia bem chinchado" que nada mais é que um grande abraço meu amigo !!!!

Edu Caxias disse...

Alênio, apesar de não nos conhecemos pessoalmente, tenho certeza que a sua história de superação motiva muitos botonistas à treinarem ainda mais para almejar uma conquista.

Grande abraço e novamente parabéns!

lhroza disse...

LH.ROZA
Alênio,vc.é o"cara",como já comen taram os demais,muito emocionante a sua narrativa,é aí que se reconhece o grande botonista. Assim como o Pedro e o Háracio que os recebí em Pelotas, lá no COP, em um dos Camp.Brasileiros já realizados, quero aqui parabenza-lo + 1 vez, agradecendo por fazer parte do seu círculo de amigos.
Um grande abraço

Marcelo disse...

Alênio,

Realmente uma grande história. Esse esporte realmente nos proporciona amizades e momentos que levaremos por toda a vida.

São histórias assim que merecem ser passadas para o papel. Tudo que, uma vez escrito, torna-se para sempre registrado.

Não tenho muito mais a falar além de lhe dar os parabéns, lhe mandar um abraço e dizer que tenho orgulho de cumprir papel importante nessa história que aqui tempos o privilégio de ler.

Marcelo Iost Vinhas.

Nilmar disse...

Grande Alênio
Que narrativa!!! Quem conhece o grupo da portuguesa sabe que todo relato que fizeste retrata a mais pura realidade, grande trabalho do PEDRÃO grande guerreiro do futmesa no RJ e a entrega do grupo torcendo um pelos outros. Quanto ao ídolo “DENTE PODRE” entrou para o Hall da fama dos teus craques com o gol no ANDRADA, que Honra !!!! Parabéns garoto com certeza tua narrativa é uma lição de humildade, aprendizado e determinação,alêm de revelar o grande amigo que és.
Um abraço NILMAR

Pedro Carlos disse...

Meu grande ídolo e amigo ALENIO, obrigado por suas palavras, mas, tudo que fiz, faço e farei pelo futmesa, caracteriza-se pela abnegação, dedicação e principalmente valorizar o ser humano que existe em todos nós. Como é importante reunir nossos familiares como o último churrasco que fizemos de confraternização, obrigado por você e todos os integrantes do Depto. de Futmesa da Potuguesa terem o orgulho de dizer: Nós somos uma família.
Seu grande amigo e fã Pedro Carlos.

Afumtiba disse...

Uma história linda e um exemplo a ser seguido! Não tive ainda o prazer de conhecê-lo. Porém fiquei seu fã, somente por ler a sua narrativa. De abnegação, amor ao futmesa e amizade. Grande abraço.
Clair Marques

Horacio Junior disse...

hahahahaha vcs acharam que eu nao iria falar né...eu não tenho palavras pra descrever a amizade e o orgulho de ser amigo e irmão desta excelente pessoa. tudo que foi relatado e a mais pura verdade e sei bem disso pois passei por quase 90% dessas historias. e com imenso prazer que venho parabeniza-lo por tudo que fez e faz dentro do futebol de mesa e o quanto representa pra portuguesa e para o rio de janeiro, tendo levado o nome do nosso estado e da nossa associação por 2 vezes ao lugar mais alto do podium, um feito, pois ninguem ainda conseguiu ganhar as 2 modalidades ( livre e liso ). essas tragetorias eu acompanhei a grande maioria delas e sei o quanto foi sofrido, pois no começo nao tinhamos mesas adequadas, times bons e mesmo assim iamos pras competiçoes, tentar nao fazer feio, tentar aprender cada vez mais com aqueles que eram apontados os campeoes. mas a vida graças a deus nos deu o privilegio de termos nossa associaçao montada com mesas adequadas para a pratica do liso e do livre, adquirimos times melhores e começamos a fazer frente aos adversarios. mas principalmente temos uma enorme familia dentro da associação e por esse brasil afora. acho que a base de tudo e que somos muito unidos dentro da portuguesa, uma familia de verdade onde fazemos festas, churrascos periodicamente e levamos nossas familias para estar junto de nós, isso pra mim é o ponto principal. um grande abraço meu amigo, mais uma vez parabens pela entrevista, obrigado por citar meu nome, fiquei bastante emocionado. parabens......