quarta-feira, 26 de outubro de 2011

NA AVALANCHE

Por Cristian Costa
O dramaturgo Nelson Rodrigues escreveu crônicas magistrais sobre futebol. As colunas viraram o livro a Sombra das Chuteiras Imortais. Nos textos sempre havia o personagem da semana. Se eu tivesse um milésimo da capacidade dele elegeria três personagens para falar no jogo Grêmio e América de Minas.
Celso Roth
O treinador, o melhor do país na minha opinião, saiu de Minas Gerais com a mais firme das certezas: o time do Grêmio começa pelo Fernando. O volante pode ter cartão amarelo, uma perna gangrenada, um olho perfurado por um morteiro dos rebeldes líbios e mesmo assim jamais deve sair de campo.  Pena que perdeu dois pontos para aprender essa lição que até o Sebastião Lazaroni sabe de cor.
Douglas
Larguei de defender o Douglas. É muita indisposição. Parece o personagem do seriado Chaves, aquele que trabalhava como carteiro e sempre dizia que não fazia tal coisa para evitar a fadiga. Porra, defendi esse merda durante duas temporadas inteiras pra isso.
Douglas, escuta esse recado.Tu não precisa ser genial o tempo inteiro, nem o Einstein era genial o tempo inteiro. Tinha horas que o velho alemão só colocava a língua pra fora e mandava ver na senhora Einstein, sem pudor. Deixava de pensar na teoria da relatividade e só queria brincar de ser feliz. Entendeu a analogia, Douglas? Não precisa colocar teus companheiros na cara do gol toda hora, só precisa acertar o passe e evitar o contra-ataque.
Ed Carlos
Cara, faz um favor pra mim, sempre que a tua presença for solicitada no jogo: Dá migué. Finge uma lesão ou uma dor de barriga. A tua presença em campo é uma das coisas mais constrangedoras em todos os tempos. O Baloy perto de ti é craque. Larga, meu velho.
Aproveita que tu já ganhou um troco no esporte enganando muito trouxa por aí, foi até campeão brasileiro no SP, pega essa grana e faz um vestibular. Em alguma área da engenharia, essa galera tá ganhando muito dinheiro. E aproveita e me paga um plano de saúde, pois tu tens judiado (sei que é errado usar essa expressão, pois denigre – putz outra palavra que não deve ser usada – a imagem do povo de Abraão) muito do meu velho e cansado coração.
Para finalizar domingo tem o Flamengo no Olímpico. Cada vez que o Ronaldinho tocar na bola terá o meu mais efusivo aplauso. Pois ele fez um puta favor ao Grêmio de ter escolhido o time da maior torcida de TVzinha e radinho do mundo.
Olimpíadas
O tenista brasileiro Ricardo Melo reclamou da (dês) organização do Pan que trocou seu jogo de horário e não lhe avisaram. Sem uma preparação correta foi presa fácil para o dominicano Estrella e parou nas quartas do torneio de tênis.
Somado a esse fato, em plena Porto Alegre 35 graus, estou a assistir pela enésima vez  Carruagens de Fogo. O filme conta a história de alguns atletas britânicos durante os Jogos Olímpicos de 1924 em Paris.
Estes dois fatos me lembram a maior história envolvendo atletas brasileiros  em Olimpíadas. Em 32, em Los Angeles, dos atletas (81 homens e uma mulher) que integravam a delegação brasileira enviada a cidade americana, somente 67 participaram dos Jogos. Para cada passageiro que deixasse o navio Itaquicê, onde viajaram durante um mês, as autoridades locais cobravam um dólar. Como os recursos eram escassos, os organizadores decidiram que só desceriam os que tinham chances de medalha. Em seguida, os integrantes das equipes de pólo aquático, do remo e do atletismo também receberam autorização para desembarcar.

Uma exceção foi aberta por cavalheirismo e a nadadora Maria Lenk, aos 17 anos, foi a primeira sul-americana a participar de uma competição Olímpica. Ela nadou em três provas: 100m livre, 100m costas e 200m peito.

Outra história, em especial, teve um desfecho inusitado. Adalberto Cardoso era um dos que estava impedido de desembarcar, mas escapou do navio rumo ao Estádio Olímpico, a cerca de 19 quilômetros. O atleta chegou a dez minutos do início dos 10.000m e participou da prova com os pés descalços.

A missão enviada a Los Angeles ainda guardou outros detalhes curiosos. Um deles é que o navio em questão estava camuflado de barco de guerra para não pagar pedágio no Canal do Panamá. Não adiantou: ao aportar, inspetores subiram a bordo, verificaram que os canhões eram mera decoração e a delegação teve que arcar com o tributo. Além disso, os porões do Itaquicê transportavam 55.000 sacas de café e os atletas tinham o compromisso de vendê-las nos portos durante as paradas do percurso. Quem não desembarcou em São Pedro para os Jogos seguiu viagem até São Francisco para encontrar compradores.
Olimpíadas 2

Brasil, via título no Pan, garantiu a vaga no handebol feminino para Londres. A cada ano essas meninas diminuem a diferença para as europeias e a Coreia do Sul. Fica a expectativa do que elas vão aprontar no mundial. O campeonato acontece no nosso país.
As aventuras de Caju

“Oi seu Agenor, desculpe incomodar, mas é que eu estou preocupado com a Renata. Ela não apareceu no Maracanã”, questionava Marcelo ao pai de Renata, tentando esconder a voz de preocupação.
“Marcelo, a Renata não foi ao jogo mesmo. Ela está no quarto dela. Já chamo”, respondeu docemente o sogro, um gaúcho de Santana do Livramento e colorado doente.

Dez minutos e alguns gritos ao fundo depois, Renata finalmente atendeu o nosso protagonista. “Marcelo, gostaria de marcar contigo naquele bar em Madureira às quatro horas desta terça-feira. A gente precisa conversar”, falou seca e direta.
Marcelo ainda tentou perguntar o porque da ausência dela no jogo e a derrota desastrosa, mas nada a impediu de desligar prontamente o telefone.

Na hora e no dia marcado, lá estava Marcelo, com os nervos a fllor da pele, a espera do seu amor. Renata não economizou palavras ou se estendeu nas explicações. Foi direta ao ponto e da sua voz saíram palavras cruéis que marcariam a carne e a alma do nosso herói para sempre.
“Estou apaixonada pelo Francisco e ele por mim”, bradou Renata.

Marcelo balbuciou apenas, mas o Francisco é...e ficou sem palavras e assim permaneceu durante quase três anos, em um estado catatônico.
Qual o motivo? Quem é Francisco?

Continua na próxima semana

Frase:

“Os Estados Unidos decepcionaram no basquete e ficaram em nono”

A frase foi proferida duas vezes pelo narrador da Record durante o Pan. Detalhe, só tinham oito equipes no torneio de basquete feminino.

Um abraço ao amigos de Barbados que devem reagir nesses últimos dias do pan e passar os Estados Unidos no quadro de medalhas.

2 comentários:

Caju disse...

Caraca Cristian..Cara,pode me chamar de retranqueiro,agora até de "corno",...rssss.

PS:Já me ligaram do Rio perguntando que sacanagem é essa...rss

Cristian Ferreira da Costa disse...

sério?? te ligaram mesmo?? hahahahahahahahaha...muito bom e vem mais por aí!!