sábado, 3 de setembro de 2011

GOTHE CROMO GOL - PAULO ZILBERKNOP


















por Pedrinho Hallal

A responsabilidade é enorme. No dia 10 de agosto de 2011, recebi um email do editor. O objetivo: falar com Zilber, o CHEFE, para ele contar sua história no Gothe Cromo Gol (http://gothecromogol.blogspot.com/).

Obviamente, o CHEFE, ao receber o convite, transferiu a tarefa para um de seus súditos: EU. Daquele dia para cá, é como se eu carregasse o mundo nos meus ombros. Nenhum texto foi tão esperado desde a escrita da Biblia e do Alcorão. Osmar Iost talvez argumente que o Cromo do CHEFE é ainda mais importante do que tais documentos. Para escrever esse texto, fiz uma entrevista com o CHEFE e também fiz entrevistas secretas com alguns de seus súditos.   

Paulo Zilberknop nasceu em Pelotas - embora muitos pensem que foi em Belem - no dia 22 de janeiro de 1966. No mesmo 22 de janeiro, mas em 1901, falecia a Rainha Victoria, da Inglaterra. Em 1922, foi a vez do Papa Benedito XV, falecer no dia 22 de janeiro. Até 1966, portanto, o mundo já tinha perdido no dia 22 de janeiro uma rainha e um papa. Mas em 1966 nasceu o maior de todos (no tamanho talvez empatado com o Badia, mas em sabedoria, especialmente da regra...). O mundo jamais seria o mesmo.

Muitos não sabem, mas o CHEFE tem um irmão gêmeo, chamado Daniel. Um dos grandes traumas da vida do CHEFE é que Daniel, seu irmão, é mais velho, mais experiente e mais maduro do que ele. Quando perguntado sobre o surgimento de sua paixão pelo futebol de mesa, o CHEFE respondeu: “Desde criança eu costumava jogar com puxador, na maioria das vezes em um "Estrelão" sozinho, porque o meu irmão nunca gostou muito de jogar. Dessa fase, a estória mais curiosa foi uma vez quando eu briguei com o meu irmão e ele jogou pelo vaso - sanitário e deu descarga - uns botões meus.”

Ainda no começo de sua carreira, o CHEFE costumava jogar amistosos incontáveis com seu inseparável amigo Alexandre Gomes: “A gente jogava praticamente todos os dias do ano, inclusive dia 31 de dezembro e dia 01 de janeiro. Eu ia na casa dele nesses dias e nós falávamos: - temos que jogar a última do ano ou temos que jogar a primeira do ano. Teve um ano que nós jogamos mais de 200 partidas, sendo que naquele ano o recorde em um só dia foi de sete jogos oficiais, de 50 minutos. Uma determinada época, sempre que eu conseguia ganhar dele algum amistoso, ele pegava a bolinha do jogo e queimava. Ele dizia: - Só pode ser culpa da bolinha. Com o tempo ele queimou várias.”

Todo mundo sabe que o CHEFE joga com o Cruzeiro, mas poucos sabem os outros times que o CHEFE já usou. “O primeiro time da Regra Brasileira eu comprei do "Becker" quando eu comecei a jogar na APFM. Esse time durou muito pouco, acho que somente um mês. Depois desse time eu comecei a jogar com um Fluminense que um amigo meu que não jogava mais na época me emprestou. Esse time durou aproximadamente dois anos. Após esse foi um time baiano que tinha sido encomendado pelo Figueira para um botonista que tinha parado de jogar antes do time chegar e aí, quando o time chegou, o Figueira me perguntou se eu não queria ficar com ele  (era um time preto com um anel vermelho e uma bola amarela no meio - 15 botões, sendo 6 cavadores, três 13°, três 16° e três 17°). Virei EC Pelotas*.

Comecei a jogar na Regra Brasileira com 14 anos quando os meus pais se mudaram para perto da casa onde morava um colega meu que jogava na APFM e que tinha mesa oficial em casa . Foi na casa do Ronaldo Larrossa (onde inclusive também começou a jogar o Pierobom) que eu comecei a jogar mais sério , sendo que ele e todos os irmãos jogavam também. Posso dizer tranquilamente que foi com o Ronaldo que eu comecei a jogar e com ele e com o Alexandre Gomes que eu aprendi a gostar do jogo na Regra Brasileira.”

* Fica confirmado o que o Marcelo Vinhas sempre suspeitou: O CHEFE é Pelotas!!!

A mudança para Cruzeiro aconteceu por influência do Ronaldo Larrossa que tinha dito ao CHEFE que se um dia ele deixasse de ser Pelotas, deveria ser Cruzeiro. Por isso, quando o CHEFE foi encomendar o primeiro time do seu jeito, ele lembrou disso e escolheu Cruzeiro. Sobre a escalação, o CHEFE diz: “Eu tinha na memória a lembrança dos grandes jogos que o Cruzeiro tinha feito quando conquistou a Libertadores de 1976, dos chutes incríveis do Nelinho, das grandes partidas que aquele time fez.”

Num momento emocionante da entrevista, perguntei ao CHEFE sobre Roberto Batata. Eis a sua resposta: “Não me lembro muito do jogador real , apenas que ele morreu em um acidente de carro logo depois de um jogo pela Libertadores de 1976. Como ele morava no interior de MInas Gerais, logo depois do jogo ele quis ir para a cidade dele e aconteceu o acidente onde ele veio a falecer . Quanto ao futebol de mesa, não sei precisar em que época o Roberto Batata passou a ser o principal jogador do meu time pois no início o jogador que eu mais gostava era o 8(Eduardo), mas com o tempo passou a ser o 7(Roberto Batata) disparado.”

Outra curiosidade sobre o CHEFE é o seu ódio por CHOCOLATE. Uma vez estávamos viajando para um campeonato no carro do CHEFE (Ele dirigindo) e eu levei um ovo de chocolate que tinha sobrado da Páscoa para que eu, o Marcelo e o Osmar pudéssemos comer durante a viagem. O Osmar começou a brincar com o CHEFE de que ele teria que ajudar a comer o chocolate, que o chocolate queria ser comido por ele, etc. Como quem não quer nada, o CHEFE discretamente abaixou o vidro do motorista, como se fosse para arejar. Quando o Osmar se distraiu, o CHEFE em um movimento rápido pegou o ovo e atirou pela janela, com o carro a 80 km/h. Naquele dia pudemos ter a dimensão do ódio que o CHEFE nutre pelo chocolate.

Em certa oportunidade, num estadual especial, o CHEFE deu a “sorte” de, no mata-mata, pegar o Alex Degani, sendo que a vantagem do empate era do Alex. Era uma sentença de morte anunciada. Ao perceber o desânimo do CHEFE, eu coloquei uma coisa na cabeça: “O CHEFE vai ganhar por 1x0 do Alex”. O jogo era num domingo pela manhã e desde o sorteio até o começo do jogo (janta, café da manhã), eu disse cerca de 13.000 vezes para o CHEFE: - “Tu só precisas de uma bola”. Aquilo foi contagiando o CHEFE de um jeito que antes do jogo, quando fui dar boa sorte para ele, o CHEFE disse: “Eu só preciso de uma bola. Fica tranquilo”. Não preciso dizer qual foi o resultado do jogo, pois o berro EDUARDO naquele dia foi ouvido em todas as cidades do planeta.

Em termos de conquistas, o CHEFE cita algumas, com sua habitual modéstia: “Foram poucas conquistas, muito poucas conquistas, foram muito mais trofeús em campeonatos internos (2°, 3° e 4° lugares) do que títulos propriamente ditos. Ganhei um Torneio em homenagem à ARFM (10 anos); a Copa Ricardo Teixeira de Liso em 2003. Se fosse depender de conquistas externas eu não precisaria de estante. Campeonatos oficiais em nível estadual eu ganhei o ESTADUAL SENIOR LIVRE esse ano de 2011 na minha estréia na categoria novo velho. Campeonato interno eu só ganhei quando joguei na Metropolitana em Porto Alegre . Não sei qual o motivo, mas o CHEFE não lembrou de citar os dois campeonatos estaduais por equipes conquistados em 2010, nos quais ele carregou nas costas a equipe da Academia, composta também por Augusto Nedel, Mateus Pierobom e Marcelo Vinhas. O CHEFE teve inclusive que fazer uma cirurgia para retirada de uma hérnia após tais conquistas. Diz ele: “O Augusto é bem pesado”.

Um grande desportista também tem derrotas em seu currículo. Mesmo o CHEFE tem as suas. “Quanto à derrotas, acho que a mais amarga foi a derrota na final do Estadual de 1986 para Cláudio Schemes. Sem dúvida foi a que eu levei mais tempo para conseguir esquecer , sendo que tranquilamente posso dizer hoje que ele mereceu realmente me ganhar.” Quando perguntado sobre o jogo inesquecível, o CHEFE resolveu filosofar: “Sem querer parecer pretensioso acho que jogo inesquecível é aquele que ainda não aconteceu. A vontade de continuar jogando representa, para mim, que o jogo memorável, inesquecível, deveria ser sempre o próximo a ser jogado”.

Fora das mesas, o futebol de mesa ajudou o CHEFE a fazer vários amigos. “O futebol de mesa representa talvez os maiores amigos que eu tenho. Foi através do futebol de mesa que eu conheci grande parte dos meus amigos. Representa também a oportunidade de conhecer o RS e o Brasil, de fazer viagens memoráveis (a melhor parte do futebol de mesa, hoje e sempre) com os amigos para jogar.” Mas esse parágrafo começou conceitualmente errado, como me informou nosso amigo Figueira. “Pedrinho, não foi o futebol de mesa que ajudou o CHEFE. O CHEFE é que ajudou o futebol de mesa”. Sábias palavras.

O CHEFE é mundialmente famoso por suas arbitragens; o padrão-ouro no quesito. Perguntei a ele de onde surgiu o árbitro CHEFE. Eis a resposta: Acho que essa história de árbitro Zilber surgiu ou se intensificou a partir do momento em que eu participei da comissão que escreveu a atual Regra Brasileira. Também tem o fato de que eu nunca me escondi atrás de árbitro nenhum para justificar atitudes durante algum jogo, ou seja, eu falo quando acho que o lance é meu, mas também falo quando acho que não é”.

Sobre o assunto, o botonista Otávio Vinhas tem uma estória para contar. “Posso contribuir contando o episódio do primeiro jogo que fui apitar na Academia. Foi no torneio de encerramento de 2007, se não me engano. O jogo era CHEFE x Christian. Mal havia começado o jogo e o Christian cavou uma bola, eu confirmei a cavada e coloquei a bolinha onde eu vi que saiu, então o CHEFE pegou a bolinha na mão e com muita convicção falou: - Não, foi aqui que ela saiu. Depois disso eu virei um mero espectador da partida”.

O CHEFE também tem uma boa estória com o Artesão. Numa Taça RS, Ivan jogava contra um menino de Bagé, e o CHEFE secava o Ivan, pois precisava do resultado. No intervalo, o CHEFE chega para o menino e pergunta quanto estava o jogo. O menino responde: 0x0. Eis que o CHEFE diz ao menino: “Segura esse 0x0 aí que eu te dou uma refrigerante no final do jogo”.  Acabado o jogo em 0x0, o CHEFE teve não só que pagar o refrigerante para o menino, como também segurar a fúria do Artesão quando ficou sabendo da “aposta”.

Mateus Pierobom faz parte da vida do CHEFE desde pequeno. Segundo ele mesmo relata, houve um episódio na Academia, quando Mateus tinha 11 anos, no qual ele foi literalmente jogado em baixo de uma mesa de botão pelo CHEFE. Ele queria adiantar um jogo, ou algo assim, e o CHEFE não gostou. Então empurrou o menino com força, o qual caiu embaixo de uma mesa. Mateus disse chorando para seu pai: “o Zilber me empurrou”. O sábio Pierobom respondeu: “CHEFE é CHEFE, tens que aprender desde cedo”.

A entrevista não poderia deixar de incluir a pergunta: Por que CHEFE? Eis a resposta: Isso surgiu em uma época em que além de proprietário do imóvel onde é a sede da ACADEMIA, eu fui no mesmo ano Presidente e Diretor Técnico do nosso campeonato. Aí, já não me lembro quem, começou a me chamar de CHEFE, pois ou era eu que resolvia por ser o Presidente ou DT ou por ser o dono do prédio. Como todo apelido, o melhor é não jogar contra, pois aí mesmo é que pega. Então eu comecei a não dar bola pra isso, mas mesmo assim pegou e hoje, muita gente , não só da ACADEMIA me chama assim.”

O CHEFE é e sempre foi polêmico. De onde surgiu isso? “Fora das mesas, teve uma época (grande) que eu simplesmente não conseguia não dizer o que eu estava pensando no momento. Eu não me escondia e muito menos deixava de manifestar a minha opinião. Com isso fui "angariando" algumas inimizades  Eu escutava algo que eu achava ser uma besteira e me manifestava, às vezes, de uma forma que não pode se dizer muito educada. Tem uma estória de uma Assembléia da FGFM onde a diretoria da época queria propor que fosse dado ponto no ranking para a entidade que se apresentasse para o campeonato com o fardamento completo. Publicado o edital de convocação dessa Assembléia, era tido que isso seria aprovado tranquilamente. Por falha minha, eu não tinha lido o Edital. Quando eu entrei na Assembléia e colocaram o assunto em votação, achei aquela idéia um erro e simplesmente perguntei : - Já não existe no Regulamento um item que obriga as entidades à jogarem completamente uniformizadas ? Então ao invés de criar algo novo sobre um assunto que já existe, vamos primeiro aplicar o regulamento hoje existente.

Como ninguém conseguiu um argumento que contrariasse o que eu estava dizendo, a idéia foi recusada e, por causa disso, teve entidade que saiu correndo da assembléia para ir em alguma loja para comprar uma calça de abrigo para poder jogar o campeonato .

Dentro das mesas, mesmo considerando que eu nunca fui santo, nunca fui de engolir gente que se fazia de "santo" e, que além de "te ferrar" ainda queria te convencer de que estava certo.”

Em certo momento, com o nascimento da filha, nosso botonista Juarez Fuão teve que se despedir da Academia por uns tempos. No email de despedida, eis o que ele escreveu sobre nosso CHEFE. “E por último, agradeço ao Chefe! Falando sério, ao longo desse tempo pude entender porque o CHEFE usa camisas 8G, 5G. É para caber seu enorme coração. Sem dúvidas, é o cara mais fantástico que o futebol de mesa me proporcionou conhecer”.  Augusto Nedel, quando solicitado uma declaração sobre o CHEFE limitou-se a dizer: “Me falta o ar” (ninguém entendeu).

Quando o CHEFE foi campeão estadual senior em 2011, publiquei uma coluna sobre seu título. Lendo agora, uma parte me chama atenção: “O título do CHEFE não premia somente o botonista. O prêmio vai para a pessoa sensacional pela qual todos na Academia são apaixonados. É fácil usar o termo "amigos" em vão. Mas o CHEFE representa exatamente o que se espera de um amigo. Alguém que está sempre disposto a dizer a verdade. Não esperem do CHEFE a resposta que vocês querem ouvir. Vocês sempre receberão a resposta sincera.”

5 comentários:

Marcelo disse...

Parabéns Pedrinho, pela autoria do Cromo! E principalmente pela coragem para assumir tal responsabilidade.

Para mim é uma grande satisfação ter a amizade e contato quase diário com esse gordinho, seja nas mesas, nos churrascos, no MSN ou no cafezinho da Malcon (que ele sempre paga).

Além de um grande amigo com quem jogo e viajo há mais de 15 anos, é uma das pessoas mais apaixonadas por futebol de mesa que já conheci.

Marcelo Vinhas.

Maurício disse...

Só posso dizer uma coisa...

Como diria o Paulo Brito....

Mas é bom este Zilber hein Oooo Batista!!!

Hahahaha... Grande abraço Zilber!!!

Maurício Ferreira (Chambinho).

ASSOCIAÇÃO RIOGRANDINA FM disse...

a Z arado
I nigualável
L ibanês
B errão
E xtremamente preciso
R aramente erra

Pedro C Hallal disse...

E hoje na Academia, o CHEFE finalmente conseguiu fazer o Mateus Pierobom chorar!!!

AFM Caxias do Sul disse...

Grande Amigo Chefe!
Que Deus continue dando muita saúde para continuarmos a houvir os berros dessa criança!
Abração!
Maciel